A mortandade de abelhas tem sido um tema recorrente no Rio Grande do Sul desde que produtores de mel da Região Central alegaram prejuízos com a perda destes animais. O caso mobilizou autoridades do Estado e deixou o alerta sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos e seus danos.
Além do dano à saúde e ao trabalho dos profissionais, a utilização de insumos químicos provoca impacto ambiental negativo, gerando danos ecológicos incalculáveis. Com o pólen contaminado, o veneno acaba seguindo no corpo dos insetos até a colmeia, onde pode ainda ser transmitido inclusive às formas larvais e às pupas que estão em desenvolvimento, afetando a reprodução e diminuindo as populações destas espécies como um todo.
Embora os números relativos à perda das abelhas sejam alarmantes, diferentemente do que pensamos, a abundância destes polinizadores não é o fator essencial para que a produção de frutos e sementes ocorra, e sim a riqueza de espécies polinizadoras. Visto que cada grupo de invertebrados e de vertebrados realiza o processo de diferentes formas, a morte destes animais em grande escala prejudica excessivamente o todo em que vivemos, como explica o Biólogo Ricardo Pablo Klein, Mestrando em Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Quanto mais diverso um ecossistema, maior é a taxa de sucesso da polinização de plantas em floração e, consequentemente, a produção de sementes. Esta produção é responsável por manter a diversidade genética das plantas e a manutenção de recursos alimentares para os animais”, salienta.
Enquanto países da Europa baniram o uso de alguns agrotóxicos devido aos riscos, o Brasil está entre as nações que mais comercializam estes insumos, mesmo em um local onde mais de 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas apenas nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, segundo apurações do site Repórter Brasil. Arriscando setores essenciais para a qualidade de vida dos cidadãos como a saúde e o meio ambiente, poucas são as iniciativas governamentais efetivas de conservação destinadas para este grupo tão importante na manutenção dos ecossistemas.
De acordo com o Biólogo Ricardo, a cidade de Curitiba merece destaque em relação à proteção das colmeias de abelhas sem ferrão. “A prefeitura pretende espalhar colmeias pelos parques municipais com o intuito de educar os cidadãos sobre a importância destes animais”, destaca. Fora do país, com medidas simples e baratas, cidades como Amsterdã estão sendo um exemplo de conservação, aumentando sua população de abelhas em 43% e seguindo um padrão inverso do ocorrido no mundo inteiro. O plantio de flores nativas em parques municipais e a instalação de ninhos artificiais pela cidade são alguns dos métodos que a cidade encontrou para prevenir o problema.
Imagem: André Witt - CRBio 028103-03