Pesquisa, acidentes e criação: atuação de ponta à ponta do Biólogo com serpentes

 

A atuação do profissional das Ciências Biológicas na área das serpentes é diversificada, interessante e com capacidade de expansão no Brasil

 

O Biólogo Evandro Veit (CRBio 101778/03-D), com Wally, um espécime de Boa constrictor (jiboia-amazônica), que viveu muitos anos sob seus cuidados. Foto: Daniel Ernst

No ano passado, o Brasil passou por uma situação inusitada: um estudante ficou em coma após um acidente com uma serpente exótica, que posteriormente, revelou um esquema de tráfico de animais através de investigação policial e que mostrou o envolvimento de inúmeras pessoas. Após isso, tivemos as fotos deste espécime do gênero Naja (a serpente mais famosa do ano passado) realizadas por Ivan Mattos no Zoológico de Brasília, repercutindo nas redes sociais e transformadas em inúmeros memes. 

Apesar da demonstração do perigo que se corre ao tentar manusear serpentes peçonhentas, a situação não é isolada, porém, o famoso caso teve uma grande repercussão pelas circunstâncias em que ocorreram e a raridade do espécime exótico envolvido. Nem havia no Brasil soro para o tratamento da pessoa mordida da tal espécie, tendo de ser importado às pressas. No final, a Naja foi enviada ao Instituto Butantan em São Paulo, capital, referência na área de serpentes no Brasil.

De acordo com a publicação da Sociedade Brasileira de Herpetologia, Herpetologia Brasileira - Volume 7 - Número 1 - Fevereiro de 2018, “Répteis do Brasil e suas Unidades Federativas: Lista de espécies”, de Henrique Caldeira Costa e Renato Silveira Bérnils, há no país 405 espécies de serpentes, dessas, há ocorrências de 83 no Estado de Santa Catarina e 90 no Estado do Rio Grande do Sul (você pode ter acesso à publicação clicando aqui), o que torna os estados da jurisdição do CRBio-03 instigante para o profissional Biólogo que se interessa pelo tema.

Mas onde e como os Biólogos atuam na área de Serpentes? A entrevista que vamos disponibilizar, a seguir, vai demonstrar que os Biólogos atuam da ciência básica até a aplicada, ou seja, de ponta à ponta.

Começamos a entrevista com a Conselheira do CRBio-03, a Bióloga Márcia Ferret Renner (CRBio 025200/03-D), que é especialista em venenos animais pelo Instituto Butantan e Mestre em Biociências (Zoologia) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS):

CRBio-03 - Márcia, o acidente com a Naja no ano passado acabou por transformar as serpentes em pontos de conversas em diversas situações nas redes sociais, pois na época, o país já estava totalmente dentro de casa devido à pandemia da COVID-19. Acha importante a sociedade saber que o Biólogo atua com serpentes?

Márcia - O Biólogo é um profissional qualificado para atuar com serpentes sim, sendo a herpetologia o ramo da zoologia dedicada ao estudo dos répteis e anfíbios (classificação, ecologia, comportamento, fisiologia, paleontologia, dentre outros). A carreira de um Biólogo Herpetólogo não está limitada às pesquisas de laboratório e incluem, estudos de campo e pesquisa, consultorias, equipes especializadas em zoológicos, museus, criadouros científicos, conservacionistas e comerciais, assim como professores do ensino superior. Contudo, vale ressaltar o acidente supracitado com a Naja, o qual repercutiu em todo o país. Tal acidente levantou a discussão sobre o comércio ilegal de animais silvestres e exóticos a serem utilizados como “pet” (animais de estimação). Muitos destes animais vão à óbito antes de chegarem ao seu destino, sofrem maus tratos, por vezes são mutilados, e o pior, muitas dessas espécies podem ser venenosas ou peçonhentas, colocando em risco os seus respectivos tutores e, consequentemente, a população, visto que tais animais podem ser abandonados ou fugirem, tornando-se uma verdadeira ameaça à saúde pública e ao meio ambiente. Ressalta-se ainda, a possibilidade de transmissão de zoonoses, tendo em vista o desconhecimento total da procedência das espécies e controle das condições sanitárias.

CRBio-03 - O Biólogo atua na sistemática biológica na área de serpentes, mas também atua na pesquisa e desenvolvimento de fármacos e soros provenientes de venenos de cobras, por exemplo. Qual a diferença entre uma área e outra?

Márcia - A pesquisa básica tem como objetivo gerar conhecimento que seja útil para a ciência e tecnologia, sem necessariamente haver uma aplicação prática ou comercial. Já a pesquisa aplicada busca gerar conhecimento para a aplicação prática e dirigida a solução de problemas que contenham objetivos anteriormente definidos. Esses objetivos podem ser de médio ou longo prazo, sendo então uma investigação direcionada pelas instituições financiadoras. A pesquisa aplicada também se relaciona com a básica pelo fato de muitas vezes determinar um uso prático para as descobertas realizadas pelas pesquisas básicas. Deste modo, ambas pesquisas se complementam, se fortalecem. Não há pesquisa aplicada sem a pesquisa básica, e vice-versa. O conhecimento básico fomenta a amplitude das aplicações práticas que oferecem novas tecnologias, medicamentos, técnicas terapêuticas, entre outras, proporcionando assim, desenvolvimento em diferentes áreas.

Extração de veneno de muçurana no Centro de Estudos e Pesquisas Biológicas (CEPB) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) – Goiânia/GO - Foto Pessoal: Márcia Renner.

CRBio-03 - O estudante de Biologia ou o Biólogo já formado que se interessar pela área, deve procurar quais disciplinas e centros de pesquisa na região do CRBio-03? Deve haver mais de um local para se tornar um especialista na região do CRBio-03, não é mesmo?

Márcia - O interessado deve procurar as disciplinas: Zoologia dos Vertebrados, Herpetologia, Biologia da Conservação, Animais Silvestres, Legislação Ambiental, Sistemática e Taxonomia, Toxinologia, entre outras. Aqui na região do CRBio-03 (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) há linhas de pesquisas para se se tornar um especialista em muitas universidades, as quais oferecem cursos de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) e agências de fomento à pesquisa, as quais oferecem bolsas de estudo para o desenvolvimento de tais pesquisas, assim como colaborações internacionais. O estudante ou profissional deve pesquisar nos sites dessas instituições de acordo com o tema almejado (por exemplo, Biologia da Conservação, Zoologia, Bioquímica, etc.) para estudar e se tornar um especialista. Fora da nossa região, alguns dos centros de pesquisa no Brasil para estudo e atuação na área são: Instituto Butantan (São Paulo), Fundação Ezequiel Dias (Minas Gerais) e Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro).

 

Atuação na Saúde faz parte do trabalho do Biólogo (a) com serpentes

 

Equipe do CIT-RS que atendeu a reportagem do CRBio-03. Da esquerda para a direita, a Bióloga Maria Gorete Rossoni (CRBio 004654/03-D), a Bióloga Kátia Moura (CRBio 009209/03-D) e a Estagiária em Ciências Biológicas Angélica Pich Abella. Foto CRBio-03: Naíla Cazuza

Depois de entender como estudar serpentes em nossa região, não dá para deixar de falarmos justamente dos acidentes ofídicos, como aconteceu com a Naja no ano passado. A equipe do Departamento de Relações Institucionais foi até a Bióloga Kátia Moura (CRBio 009209/03-D), no Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT-RS), para mostrar como o Biólogo pode atuar no “pós-acidente”. A Kátia é especialista em toxicologia aplicada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e mestre em biologia celular e molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):

CRBio-03 - Kátia, sabemos que não são comuns acidentes ofídicos com a Naja. Quais serpentes são mais comuns aqui na região sul e o que as pessoas devem fazer caso sejam picadas?

Kátia - Na região Sul, o gênero *Bothrops* (jararacas, cruzeiras, jararacas-pintadas) é o responsável pela grande maioria dos acidentes por serpentes peçonhentas. Também temos acidentes causados pelos gêneros *Crotalus* (cascavel) e *Micrurus* (coral-verdadeira) mas, estes são mais difíceis de acontecer. Em caso de picada é importante manter a calma, lavar o local da picada com água e sabão, ligar para o CIT/RS 0800.721.3000 e procurar atendimento médico.

Realizar o manejo de serpentes requer treinamento e formação específica, caso da Bióloga Kátia Moura, que mostrou à equipe do CRBio algumas espécies que ficam no CIT-RS. O espécime da foto é uma Bothrops alternatus (cruzeira). Foto CRBio-03: Naíla Cazuza

CRBio-03 - Algumas pesquisas indicam a necessidade de hospitais e centros de saúde terem parceiros Biólogos para identificação e apoio em acidentes que envolvam animais venenosos. Como você enxerga o papel do Biólogo nestas situações?

Kátia - Acho extremamente importante a função do Biólogo na identificação dos agentes envolvidos em acidentes, pois a identificação correta e precoce otimiza o tratamento ou até mesmo dispensa o tratamento (quando for um animal sem interesse toxicológico), diminuindo custos com soro antiveneno, outros medicamentos e hospitalização, além do bem-estar do paciente.

O CIT-RS possui serpentes de diversas espécies, e algumas são reconhecidas pela sabedoria popular, como a Cascavel, devido ao seu “chocalho” bem característico. O espécime da foto é uma Crotalus durissus. Foto CRBio-03: Naíla Cazuza

 

Criação de serpentes é uma área que pode crescer no Brasil

 

O CIT-RS possui muitas serpentes que foram capturadas através de fiscalizações dos agentes ambientais, abandonos, pedidos de guarda temporária, abrigando espécies nativas e exóticas, como as cobras do milho, uma das espécies mais apreciadas por suas colorações extravagantes e mansidão, mas para além da pesquisa em sistemática, fármacos, consultoria ambiental e o próprio trabalho na área de toxicologia pós-acidente ofídico, também temos Biólogos trabalhando na criação de serpentes. É o caso do Biólogo Evandro Veit (CRBio 101778/03-D), que é formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), com vasta experiência na área. O Evandro também aceitou conversar com o CRBio-03, que você confere logo abaixo:

 

CRBio-03 - Evandro, há quanto tempo você trabalha com serpentes? Foi fácil para você entrar nesta área?

Evandro - Minha primeira experiência como criador de serpentes ocorreu no início de 2001 (há cerca de 20 anos), quando me mudei para a Inglaterra. Na Europa a criação de serpentes é muito comum há décadas. Na Inglaterra, é fácil encontrar lojas especializadas no comércio de serpentes, e, com exceção de serpentes peçonhentas, não é necessário qualquer tipo de licença para reproduzir, comercializar ou manter serpentes. Ao longo dos 9 anos que residi na Inglaterra, criei inúmeros espécimes de várias espécies de serpentes, e ao regressar ao Brasil no início de 2010 me deparei com uma realidade muito diferente, com muitas restrições à criação em cativeiro. Como no Brasil é proibido importar répteis, tive que me desfazer de todos meus animais antes de regressar da Inglaterra no início de 2010. Ao chegar no Brasil, acabei adquirindo muitas jiboias de criatórios comerciais licenciados, porém, queria continuar criando outras espécies. Em 2011 ingressei no curso de Ciências Biológicas na UNISINOS, com o intuito de me tornar Biólogo e licenciar um serpentário. Durante a graduação passei a palestrar sobre serpentes em escolas, colégios e universidades, e também ministrei alguns cursos de extensão. Em 2015 concluí o Bacharelado em Ciências Biológicas pela UNISINOS, e depois de um árduo processo de licenciamento, obtive minha autorização de manejo do meu serpentário no final de 2017. Atualmente sou proprietário e responsável técnico do Mantenedor Toca da Jiboia em São Leopoldo – RS. 

CRBio-03 - Como Biólogo, como você enxerga o trabalho do Biólogo na pesquisa e manejo de serpentes?

Evandro - Eu não atuo diretamente com pesquisa, porém deveria haver muito mais investimento em pesquisa relacionada às serpentes, principalmente no que diz respeito a propriedades de proteínas encontradas nos venenos para a produção de fármacos. O Brasil possui um considerável número de espécies peçonhentas, mas infelizmente não investe o suficiente para explorar todo o potencial das serpentes, tanto para fins médicos como ecológicos. O manejo de serpentes fica restrito ao trabalho em zoológicos, criatórios comerciais e conservacionistas, e em núcleos e institutos onde são realizadas as extrações de veneno para fins de pesquisa e fabricação de soro antiofídico. É um campo que requer bastante técnica, conhecimento e prática, para que o manejo seja realizado com sucesso e segurança tanto para quem o realiza quanto para os animais. Normalmente as pessoas que se interessam por trabalhar diretamente com serpentes vivas, buscam estagiar nos locais citados acima, e se especializar nesse grupo animal.     

CRBio-03 - Recentemente houve o caso da picada da Naja em Brasília e sabendo que ela não é nativa, quais os perigos que isso pode acarretar?

Evandro - Foi um caso grave e que levantou vários questionamentos, porém, a criação de serpentes exóticas, peçonhentas ou não, é algo bem corriqueiro e que cresceu muito no Brasil nas últimas duas décadas. Diariamente há animais sendo contrabandeados para dentro do Brasil, reproduzidos e comercializados no mercado clandestino. A espécie em questão, Naja kaouthia, é criada ilegalmente no Brasil, porém não é incomum, e outras apreensões já foram realizadas no passado. Como foi amplamente divulgado e teve grande repercussão, espera-se que outros criadores tomem consciência da gravidade do acidente, e dos riscos do manejo irresponsável como o que foi realizado pelo rapaz neste caso. É importante salientar que não há estoque regular de soro antiofídico para serpentes exóticas, e este é o maior risco para os que se aventuram a criar tais espécies. Também cabe mencionar que a lei permite que qualquer pessoa entregue voluntariamente animais que estejam sendo mantidos ilegalmente, sem punição para a pessoa que assim optar em fazer.

CRBio-03 - Qual tipo de dano a Naja pode ocasionar nesse tipo de criação fora do ambiente adequado, lembrando que o Brasil não é o habitat deste animal?

Evandro - Se solta na natureza, as Najas podem se tornar animais invasores, competindo por alimentos, causando desequilíbrio ecológico e podendo transmitir doenças para a fauna local. Najas se alimentam de roedores e de outras serpentes, e poderiam dizimar populações locais, além disso, há riscos de acidentes com humanos e animais domésticos. O veneno da Naja kaouthia possui primordialmente neurotoxinas e cardiotoxinas, possui ação proteolítica (necrosante) e pode ser letal. Os principais sintomas são dor, inchaço e necrose na área da picada, dor de cabeça, náusea, dores abdominais, convulsões, paralisia muscular, insuficiência respiratória e insuficiência renal.

Wally era de uma espécie de serpente que não usa veneno para caçar, usa a constrição, não representando perigo para o Biólogo Evandro Veit (CRBio 101778/03-D), vindo daí inclusive o nome para seu epíteto específico no nome da espécie. Foto: Daniel Ernst

CRBio-03 - Quais são as características desta espécie e a diferença da cobra criada em cativeiro e a que vive em ambiente natural?

Evandro - A Naja kaouthia, popularmente chamada de cobra-de-monóculo, é uma serpente da família Elapidae, ou seja, possui parentesco com as cobras-corais verdadeiras que temos no Brasil. Ocorrem naturalmente no sul e sudeste da Ásia (principalmente na China e Índia), e não é uma espécie ameaçada.  São animais de hábitos diurnos e crepusculares, se alimentam normalmente de roedores, serpentes, lagartos, anfíbios e aves. São ovíparas, colocando em média 20 ovos por postura. São animais que se adaptam e se reproduzem muito bem em cativeiro, por isso se tornaram populares em criações pelo mundo afora.   

CRBio-03 - Quanto tempo leva para se produzir o antídoto (soro antiofídico) contra o veneno da cobra e o com o que ele é produzido?

Evandro - Existem poucos locais no Brasil equipados e estruturados para a produção de soro antiofídico, sendo o Instituto Butantan em São Paulo o mais conhecido. Para a produção do soro é necessário a criação de alguns espécimes adultos da espécie para a qual se deseja produzir o soro. Também é necessário contar com um plantel de cavalos, nos quais o veneno extraído das serpentes será injetado em pequenas quantidades, para que os cavalos produzam anticorpos capazes de neutralizar a ação das proteínas e toxinas contidas no veneno. Normalmente esse processo é contínuo ao longo do ano, onde pequenas doses de veneno são injetadas em intervalos de tempo estabelecidos. Regularmente o sangue do cavalo é extraído, e, com o uso de centrífugas, o plasma contendo os anticorpos é isolado. O plasma é posteriormente purificado para se chegar ao soro antiofídico. 

CRBio-03 - Você costuma ser consultado por hospitais e centros de saúde em casos de acidentes com animais venenosos?

Evandro - Não. No Rio Grande do Sul há diversos hospitais de pronto socorro que normalmente possuem soro antiofídico para as espécies que ocorrem no Estado. Em caso de acidentes, o correto é encaminhar ao hospital mais próximo com o máximo de urgência possível, tirar foto da serpente que causou o acidente para fins de identificação, porém não se deve tentar capturar o animal a fim de evitar outros acidentes. Não é recomendado a ingestão de nenhum medicamento alternativo, não se deve fazer torniquete, e somente lavar o local da picada com água e sabão. Em caso de dúvidas, recomenda-se ligar para o Centro de Informações Toxicológicas através do número 0800.721.3000.

CRBio-03 - Existe toda uma legislação sobre a criação e manejo de animais silvestres e exóticos. Qual a importância dela no seu ponto de vista e como o Biólogo se insere nesta questão?

Evandro - Legislações tanto para normatizar a criação em cativeiro quanto para combater os crimes ambientais são necessárias, e devem ser regularmente avaliadas para atender as necessidades e objetivos dos empreendimentos, visando a segurança das pessoas bem como o bem-estar dos animais. O papel do Biólogo é importante não só para orientar as pessoas que desejam criar animais silvestres em cativeiro, como promover educação ambiental com o intuito de coibir crimes como o de retirada de animais de seus habitats. É dever do Biólogo alertar para os riscos e consequências da criação de animais silvestres e exóticos em cativeiro.

A regulamentação no Conselho Federal de Biologia

É muito importante esclarecer que o Biólogo é profissional legal e tecnicamente habilitado para atuar com serpentes, inclusive na criação comercial, existindo vasta regulação pelo órgão máximo da categoria, principalmente do ano de 2010 até 2019, conforme pode-se ver abaixo:

  • 2010 - Resolução CFBio nº 227/2010, é indicado que o Biólogo faz Inventário, Manejo e Produção de Espécies da Fauna Silvestre Nativa e Exótica, Inventário, Manejo e Conservação da Fauna;
  • 2012 - Resolução CFBio nº 301/2012, o CFBio criou normas regulatórias que visam padronizar os procedimentos de captura, contenção, marcação, soltura e coleta do espécime animal ou parte dele para obtenção de amostras de material biológico de animais silvestres nativos e exóticos in situ e ex situ, para estudos, pesquisa, atividades de ensino e serviços, seja em campo, laboratório, criatórios, estações experimentais, biotérios e zoológicos, para fins de transporte, experimentos, inventário, resgate, manejo, vigilância zoonótica, conservação, criação e produção de espécies classificadas como filo Chordata, subfilo Vertebrata.
  • 2018 – Resolução CFBio nº 476/2018, é mostrado que é competência do Biólogo atuar e desempenhar as atividades previstas (inclusive responder tecnicamente pelos seguintes tipos de estabelecimentos, empreendimentos, projetos, programas e/ou serviços: Jardins Zoológicos e Aquários, criadouros científicos, criadouros comerciais, Centros de Triagem (CETAS), Centros de Manejo (CEMAS), Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) e correlatos, mantenedores de fauna, centros de zoonoses e/ou vetores, estabelecimentos que comercializem e/ou exponham ao público, animais vivos da fauna nativa, exótica ou doméstica e tantos outros descritos na resolução;
  • 2019 – Resolução CFBio nº 496/2019, que tratou da necessidade de registro dos empreendimentos utilizadores de fauna no Sistema CFBio/CRBios, mostra, por exemplo, em diversos conceitos elencados, dentre eles, os criadouros de fauna, que é um empreendimento que exerce atividades de produção animal, como biotérios, podendo ser científicos ou comerciais, que tenham responsáveis técnicos biólogos;
  • 2019 – Resolução CFBio nº 526/2019, que regulamenta a atuação e a responsabilidade técnica do Biólogo em atividades que envolvam a fauna nativa, exótica, silvestre, naturalizada, doméstica ou geneticamente modificada e de substâncias oriundas de seu metabolismo em condição in situ, o Biólogo pode responder tecnicamente por empreendimentos, projetos, programas ou serviços de Unidades de Conservação, de Instituições de ensino, pesquisa e extensão, de Laboratórios, de Órgãos públicos envolvidos no manejo, gestão, pesquisa e conservação in situ da fauna, de Centros de zoonoses ou vetores, de estabelecimentos que comercializem ou exponham ao público fauna nativa, exótica ou doméstica, de Propriedades rurais e outras instituições que prestem consultoria, assessoria e demais serviços que envolvem manejo, gestão, pesquisa e conservação in situ da fauna.

 

Atenção à COVID-19: o vírus não faz diferença entre classes

O Evandro acabou de se recuperar da COVID-19, e em conversa com nossa reportagem, demonstrou a preocupação no atendimento das serpentes em sua guarda. Em sua última fala conosco, ele conta que saiu de um estado muito debilitado (estava ofegante ainda), ficou no hospital muitos dias internado, mas conseguiu voltar para casa e alimentar os animais.

Fiquem atentos, tomem as devidas precauções, pois a vacinação da população ainda está apenas no começo e não temos como prever ainda como ou quando a pandemia irá arrefecer.