Muitas iniciativas têm surgido para a divulgação da ciência na internet. Uma característica comum entre elas é o uso de uma linguagem de fácil compreensão, que procura “traduzir” conteúdos técnicos, o que aproxima mais as pessoas das Ciências Biológicas.

Biólogos também têm se aventurado a explorar o YouTube para apresentar temas da ciência utilizando o audiovisual. Alguns deles se aproximam dos grandes “digital influencers”, com milhares de inscritos e milhões de visualizações.

O canal do Biólogo Guilherme Orlandi Goulart (CRBio 53.494/03-D) tem 218 mil inscritos e mais de 13 milhões de visualizações. O projeto é “voltado a estudantes com interesse em compreender a biologia como um todo, seja para passar no vestibular, seja para tirar uma boa nota em uma prova”. Guilherme é licenciado pela Universidade Federal de Santa Maria, atuou na área de licenciamento ambiental, emitindo laudos e pareceres técnicos. Foi professor substituto pela Universidade Paranaense, em Francisco Beltrão. Desde 2008, é professor nos Ensinos Fundamental e Médio e em cursos pré-vestibulares no Sudoeste do Paraná. Realizou curso de Fisiologia Humana pela Duke University, EUA.

Canal do Biólogo Guilherme Goular é voltado para estudantes.

Foto: Reprodução YouTube

O canal aborda temas relacionados a embriologia, botânica, teoria evolutivas, bioquímica, ecologia, dentre outros. Além disso, o canal também conta com a colaboração de professores de química e física.

 

Blog ‘Biologia para Biólogos’ divulga ciência para público em geral 

 

“Apesar do nome, o conteúdo do BPB não é voltado apenas para biólogos, e em nossa equipe temos zootecnistas, gestores ambientais e médicos veterinários, sempre buscamos uma inter-relação entre as áreas”, diz a apresentação do Biologia para Biólogos. O blog é um dos “braços de conteúdo” da Bio Educação Digital, uma empresa especializada em produção de conteúdo digital.

O portal alcança 130 países e tem mais de 500 mil leitores anuais. Conta com uma equipe 100% online e integrantes de diversas partes do Brasil e outros países. Tem como principal objetivo levar conteúdo de alta qualidade, de forma democrática, para todas as pessoas. Divulgação científica, criatividade, empreendedorismo, educação, conservação e carreira são alguns dos principais temas abordados. 

A Bióloga Amanda Lys dos Santos Silva (CRBio 105.797/08-D), mestre em Genética e Biologia Molecular e doutora em Ciências, é uma das autoras do blog. Contribui principalmente com artigos sobre Microbiologia e na revisão de textos. Foi a entrevistada da matéria de capa da edição nº 45 da BioParaná, com o título “Suberbactérias: iminência de uma nova pandemia?” – a revista chegou até ela graças a um artigo de sua autoria publicado na plataforma. “Fiquei feliz duplamente, em poder contribuir na matéria e saber que me encontraram por meio de um texto publicado no blog”, diz Amanda.

Além de artigos, o blog traz sugestões de séries, livros, documentários e jogos para aprender Biologia. O portal também dá dicas para atuação na carreira de Biólogo.

 

>> Conheça o blog Biologia para Biólogos

 

 ‘Observações Naturalistas’ divulga informações sobre insetos

 

Presente no YouTube (3 mil seguidores), Twitter (162 mil seguidores), Facebook (70 mil seguidores) e Instagram (7 mil seguidores), o Observações Naturalistas é dedicado à divulgação científica e Ciência Cidadã voltada aos insetos.

Perfil no Twitter tem mais de 162 mil seguidores.

Foto: Twitter

“Eu comecei criando verbetes sobre insetos na Wikipédia lá para 2006. Depois, em comunidades sobre insetos no Orkut. Só fui criar página sobre insetos em 2012, no Facebook. O Observações Naturalistas nasceu dela, em 2017. Minha motivação era o fato da informação sobre nossos bichos ser bastante escassa para o público. Quando eu era criança odiava abrir um atlas e só ver bichos da Europa nele. Cadê as informações sobre os bichos do Brasil que eu encontrava? O ON é meio que uma tentativa de contribuir nesse sentido, fazendo essa ponte entre público e cientistas”, afirma Bruno Ramos Uehara, que se identifica como “naturalista e divulgador científico, apaixonado pelo mundo dos pequenos seres”.

Em um de seus vídeos, Bruno faz um desafio ao YouTuber Mussoumano, cujo canal tem quase nove milhões de seguidores. Toda a “provocação” é feita utilizando rimas com insetos (assista aqui).

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Reportagem do CRBio-07, publicada na edição de Outono da revista BioParaná.

 

É com pesar que o CRBio-03 comunica o falecimento do Biólogo Milton Divino Muniz (CRBio 003341/03-D), vítima da COVID-19.

O Biólogo Milton Muniz era professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina, tinha 81 anos e foi conselheiro do CRBio de 1987 até 1991.

O Biólogo Muniz e sua mulher (também Bióloga), a Sra. Elza Costa Netto Muniz (CRBio 003340/03-D), participaram do início da consolidação do Sistema CFBio/CRBios, e no caso dela, era conselheira do Conselho Federal de Biologia. Ambos tiveram uma filha, também formada em Ciências Biológicas e que hoje é professora no mesmo departamento onde os pais atuaram.

A Prefeitura de Porto Alegre vai começar a vacinar Biólogos e Biólogas da área da Saúde amanhã.

 

Profissionais contemplados nesta etapa:
 
Profissionais de saúde liberais ou de estabelecimentos de saúde, com atividade assistencial direta e presencial, representados em 14 categorias: médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, """biólogos""", biomédicos, farmacêuticos, odontologistas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, profissionais de educação física, médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares que atuam em serviços voltados ao atendimento da saúde humana como, por exemplo, em hospitais, clínicas, ambulatórios, laboratórios, farmácias, consultórios.
 
Documentos obrigatórios para vacinação:
 
Para ser vacinado, o profissional deverá entregar cópias impressas dos seguintes documentos:
Cópia do registro profissional;
Documento de Autodeclaração do Profissional de Saúde (Anexo 5 do plano de vacinação municipal contra Covid-19);
Cópia do comprovante de residência ou exercício profissional:
- comprovante de residência em Porto Alegre; ou
- profissionais de saúde vinculados a instituições de saúde de Porto Alegre: comprovante de endereço da instituição de saúde de atuação do profissional de saúde;
- profissionais autônomos que atendem a domicílio: declaração de ao menos dois clientes/pacientes residentes no município de Porto Alegre onde o profissional de saúde atual e respectivos comprovantes de residências desses clientes/pacientes.

Veja o calendário:

Faixa etária

Veja os locais:

 

Locais de atendimento

 

Atuação de Biólogos, de ativistas ambientais e de instituições, como o CRBio-02, impediu que construção de autódromo destruísse a Floresta do Camboatá, no Rio de Janeiro.

 

 

 

A Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) anunciou, no início de fevereiro, que não iria mais criar o autódromo na área ocupada pela Floresta do Camboatá, em Deodoro, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, solicitando inclusive ao Instituto Estadual do Meio Ambiente o arquivamento do processo de licenciamento ambiental do referido autódromo. De acordo com a prefeitura, a Floresta do Camboatá é um patrimônio ambiental do Rio a ser preservado.

Além de dar fim à ideia da construção do autódromo no local, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente reabriu o processo, iniciado em 2013, para criar uma unidade de conservação na área, que possui cerca de 200 mil árvores de 146 espécies, das quais 14 são consideradas ameaçadas.

Há anos, o CRBio-02 vem lutando contra a possibilidade de criação desse autódromo e a consequente destruição da floresta, divulgando entre Biólogos e Biólogas opiniões abalizadas, emitidas por meio de entrevistas em seus canais de comunicação. 

No parecer sobre a Floresta do Camboatá, pesquisadores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) já tinham indicado que a melhor alternativa de uso da floresta seria a criação de uma unidade de conservação.

Para eles, além da singularidade da flora e da fauna, há o tipo de vegetação encontrado, que praticamente já desapareceu da cidade. Tal fragmento florestal está numa localização estratégica e de alta relevância para a manutenção da conexão entre remanescentes florestais dos maciços da Tijuca, Pedra Branca e Gericinó-Mendanha.

Aos atributos acima, devem ser acrescidos os serviços ambientais, tais como fixação de carbono e manutenção de seus estoques, purificação do ar, conforto térmico, manutenção de banco genético, áreas para a recreação, lazer e educação, que são exemplos de serviços prestados pelas áreas naturais.

Com base em tais argumentos, em 2016, o Conselho Municipal de Meio Ambiente deu parecer favorável para a criação do Parque Natural Municipal do Camboatá.

Atualmente está em curso a criação de um Grupo Técnico para estudar e propor o tipo de unidade de conservação mais adequado para a região, seguindo os ritos previstos na Lei Federal Nº 9985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Um modelo ideal deveria abranger, além da proteção da área, o desenvolvimento de atividades para impulsionar a economia verde nesta zona da cidade, juntamente com pesquisa científica e educação ambiental.

 

Fim ao autódromo

 

 

Os Biólogos Haroldo Cavalcante de Lima (CRBio-02 2650/02-D) e Jorge Antônio Lourenço Pontes (CRBio-02 21932/02-D), que participaram diretamente da campanha SOS Camboatá, buscando sensibilizar a população e a comunidade científica a favor da permanência da floresta, em entrevista, saem em defesa desta joia ambiental.

Para ambos, a Floresta do Camboatá é um fragmento de grande importância, que além de guardar uma biodiversidade significativa e ser a última floresta remanescente de terras baixas na cidade, favorece a ocorrência de fluxo gênico entre as populações de plantas e disponibiliza local de pousio para avifauna. Tem ainda alto potencial para restaurar as florestas degradadas do município, principalmente para coleta de sementes e produção de mudas de espécies características deste tipo de floresta.

Sabe-se também que os bairros do entorno são desprovidos de áreas verdes e a supressão da Camboatá certamente promoveria a elevação na temperatura local e o aumento das inundações. Portanto, é evidente que uma área tão sensível deva ser prioridade máxima na política ambiental e urbanística do município, associando a sua conservação com usos que ofereçam oportunidades de negócios sustentáveis e melhoria na qualidade de vida de bairros com baixíssimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

A comunidade científica ficou aliviada e comemorou quando a prefeitura recuou na proposta de construção do autódromo no local. Finalmente, o esforço de diversos pesquisadores e professores de diferentes órgãos e instituições públicas foi recompensado. “Travamos uma intensa luta técnica e jurídica, com a parceria do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (GAEMA). A conquista representa um marco importante no fortalecimento da mobilização da sociedade carioca pela conservação das áreas de florestas urbanas. Esses espaços verdes estão sofrendo enorme pressão por parte dos empreendimentos imobiliários. A decisão de não permitir a construção do autódromo na Floresta do Camboatá mostrou que é possível questionar e impedir os licenciamentos de obras de elevado impacto em áreas de grande relevância socioambiental. É um alento para os movimentos coletivos, revigorando suas lutas e incentivando a busca de dados técnicos junto à comunidade científica para fazer valer seus direitos por uma cidade mais sustentável”, comemoram os Biólogos.

Haroldo Lima conta como começou a história que gerou vários estudos do Jardim Botânico na Floresta do Camboatá: “Foi em meados da década de 1980, quando o Exército nos pediu para fazer um levantamento da flora existente no local. A solicitação era para identificar todas as árvores. Quando chegamos lá, concluímos que, como aquele tipo de floresta, não havia mais nada parecido no Município do Rio de Janeiro, uma vez que praticamente todas tinham sido suprimidas pela expansão da cidade. Em 2012, ouvimos as primeiras notícias sobre a intenção de construir um autódromo na área da floresta, quando o Ministério Público Estadual solicitou à Diretoria de Pesquisas do Jardim Botânico um parecer de avaliação sobre a vegetação e flora deste importante remanescente de Mata Atlântica”, diz.

Para os dois pesquisadores, é provável que interesses econômicos influenciaram na escolha do local para a construção do autódromo. Todo o processo de licenciamento foi realizado de forma atropelada, amparado pela divulgação na mídia de que o empreendimento obedecia a legislação ambiental. Entretanto, de acordo com os Biólogos, uma simples análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) demonstrou claramente como foram subestimados os impactos e os custos da mitigação.

“Os critérios usados para comparar as diferentes áreas alternativas para a construção do autódromo foram tendenciosos com a intenção de manipular a avaliação dos impactos ambientais, sociais e econômicos – afirmam enfaticamente os dois Biólogos – uma vez que há outros locais próximos bem mais adequados para o empreendimento, tais como os campos do Gericinó, o aterrado do Leme e o terreno da Ambev, que possuem cobertura vegetal antropizada e são praticamente desprovidos de vegetação arbórea”, complementam.

 

Movimento SOS Floresta do Camboatá

Jorge Pontes conta que a campanha de cunho social Movimento SOS Floresta do Camboatá, que agregou diversos técnicos e especialistas de diferentes áreas de pesquisas em Mata Atlântica, teve papel primordial na luta e na vitória, pois além de mobilizar a população carioca, reverberou pelo país e sensibilizou inclusive os pilotos da Fórmula-1.

O movimento se consolidou a partir de 2017, quando o projeto de construção do autódromo foi ressuscitado. Neste momento, várias ações em defesa da floresta convergiram para fortalecer o Movimento SOS Floresta do Camboatá e reunir inicialmente os moradores dos bairros periféricos de Deodoro e Guadalupe, ambientalistas e profissionais de várias instituições de pesquisas e universidades. A luta pouco a pouco foi ganhando espaço na mídia e sensibilizando a população carioca para a necessidade de preservar a área.

Jorge Pontes lembra que uma espécie de peixe-de-nuvem criticamente ameaçado de extinção, o Leptopanchax opalescens, foi um dos pivôs da luta. Após a apresentação do EIA-RIMA do autódromo, inconsistente e tendencioso, profissionais de diversas instituições de ensino e pesquisa aderiram à luta com pareceres técnicos e refutando as falhas do estudo apresentado pela empresa responsável pelo empreendimento.

“A luta judicial ganhou força com outras ações do Ministério Público Estadual e a eficiente articulação do Movimento SOS Floresta do Camboatá com a bancada de vereadores e deputados que aderiram à causa. O confronto foi deflagrado conquistando muito espaço na mídia e que culminou em intenso debate na audiência pública. Durante dez horas, cerca de 200 pessoas participaram remotamente e apenas duas foram favoráveis à construção do autódromo na área da floresta. Finalmente, após uma análise bem fundamentada dos técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), a Comissão de Meio Ambiente não aprovou o licenciamento do empreendimento. E como dito, em 2021, o projeto foi oficialmente abandonado pela Prefeitura do Rio de Janeiro” conta Jorge Pontes.

Para os Biólogos, a campanha foi feita em um modelo de atuação coletiva que certamente será replicado em outras lutas pela preservação das áreas verdes urbanas. “A legislação ambiental é muito boa, mas a população tem que se mobilizar e reivindicar seus direitos. A parceria entre o Ministério Público, Instituições de Pesquisa e Universidades e Movimentos Sociais tem se mostrado uma ótima estratégia para unir forças. Neste caso, a comunidade de Biólogos deu um ótimo exemplo de ciência cidadã em prol da qualidade de vida em locais menos privilegiados”, conclui o Biólogo Jorge Pontes.

 

Haroldo Cavalcante de Lima

Biólogo, pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - PPGE / UFRJ, desenvolve e coordena projetos de pesquisa em sistemática, filogenia e biogeografia de Leguminosas neotropicais e florística e conservação em Mata Atlântica.

Jorge Antônio Lourenço Pontes

Biólogo, doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - PPGEE / UERJ. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Ambiente e Sociedade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – PPGEAS / FFP / UERJ, realizando pesquisas sobre a fauna do bioma Mata Atlântica, em diferentes ecossistemas, no Estado do Rio de Janeiro.

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Reportagem do CRBio-02, que atende aos estados de RJ e ES.

 

O CRBio-03 publicou hoje no site institucional e Diário Oficial da União (DOU) sobre o Edital 01/2020 - Chamamento Público para o credenciamento de Defensores Dativos para defesa nos processos das Comissões de Orientação e Fiscalização do Exercício Profissional (COFEP) e Comissão de Ética Profissional (CEP), além dos processos ligados à Dívida Ativa.

 

Acesse: Clique aqui

 

Considerando o agravamento da Pandemia da COVID-19 e novos decretos do Estado de Santa Catarina e Prefeitura de Florianópolis, que estabeleceram novas medidas de restrição a diversos seguimentos, a Delegacia de Santa Catarina ficará fechada para o atendimento ao público, não sendo possível também o atendimento por telefone.

 

Favor enviar e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

Apesar da regularização das chuvas, Biólogos indicam que é preciso agir agora para evitar nova destruição do bioma na estação de seca

Incêndio no Pantanal em agosto de 2020. Crédito: Karen Domingo.

 

No ano passado, mais de 22 mil focos de incêndio consumiram pelo menos 30% da vegetação nativa do Pantanal. A destruição motivou um intenso debate na época, mas as autoridades até agora não se mobilizaram para implementar as medidas preventivas sugeridas a fim de evitar uma nova onda de incêndios generalizados na região durante a próxima estação de seca, nos meses de maio a outubro.

A tragédia em 2020 aconteceu devido à combinação da seca prolongada – um fenômeno natural agravado pelo aquecimento global e desmatamento – com a ação humana, por vezes criminosa, e o desleixo do poder público.

“Mesmo com toda a destruição no ano passado, com toda a comoção nacional, nada foi feito. Os governos ainda não colocaram em prática as medidas preventivas que tanto discutimos. A hora de agir é agora”, ressalta o Biólogo José Milton Longo, responsável pela delegacia do Conselho Regional de Biologia da 1ª. Região (CRBio-01) em Campo Grande (MS).

 

Condições climáticas

O Pantanal é uma planície que se estende por três países: Brasil (com 62% da área), Bolívia (20%) e Paraguai (18%). No Brasil, a porção norte do Pantanal está no estado de Mato Grosso e a porção centro sul no estado de Mato Grosso do Sul.

A alma do Pantanal é o Rio Paraguai, cujas cabeceiras estão em Mato Grosso. A região é marcada por estações bem definidas de chuva e seca. Na atual estação de chuvas, as precipitações, principalmente nas cabeceiras do Paraguai, elevam o nível do rio, que transborda e gradativamente alaga primeiro a porção norte do Pantanal, depois a parte central e sul.

As lagoas (ou baias) do Pantanal são berçários de peixes, que atraem aves e toda uma extensa cadeia de predadores. A exuberância da fauna e flora na cheia atrai turistas, principalmente para a sub-região de Poconé (MT) e ao longo da Estrada Transpantaneira e da Estrada Parque, na região de Miranda e Corumbá (MS).

Com o fim das chuvas, as lagoas secam gradativamente e dão lugar ao campo limpo (área predominante de capim), campo sujo (com alguns arbustos e poucas árvores) e campo de murundum (com ilhas de árvores e arbustos) na estação de seca, que perdura aproximadamente de maio a outubro. Os incêndios costumam acontecer principalmente no fim do período de seca, com risco agravado pela substituição do capim nativo da região pelo capim africano, mais volumoso, promovida pelos pecuaristas.

O Biólogo Ibraim Fantin da Cruz, professor doutor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e especialista na bacia hidrográfica do Rio Paraguai, explica que a intensidade da seca sazonal tem relação direta com o volume de chuvas durante o ano. O melhor balizador para a situação climática do Pantanal é o nível do Rio Paraguai, cuja medição é feita desde o início do século 20 pela Régua de Ladário, na base fluvial da Marinha em Corumbá (MS).

De acordo com o portal da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), pela Régua de Ladário, o nível do Rio Paraguai estava em 1,48 metro em 24/2/21, muito próximo do nível de 1,50 metro em 24/2/20. A situação atual seria, por esse parâmetro, igual à do ano passado.

No entanto, Ibraim Fantin esclarece que a seca no Pantanal em 2020, a maior em cerca de 50 anos, foi resultado do baixíssimo volume pluviométrico na região em 2019 e 2020. Mas, a partir da segunda quinzena de dezembro de 2020, voltou a chover dentro do padrão histórico e assim foi também em janeiro e fevereiro de 2021.

Quanto ao futuro, os modelos climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, preveem que o volume pluviométrico no Pantanal continuará próximo ao padrão histórico até agosto, segundo Ibraim Fantin. Ou seja, a previsão é de que o nível do Rio Paraguai subirá gradativamente nos próximos meses e recuperará parte das perdas nos últimos dois anos.

“Tivemos um atraso, mas a cheia já começou no norte do Pantanal, uma vez que os níveis dos principais rios, como o próprio rio Paraguai na altura de Cáceres e o rio Cuiabá, em Cuiabá, já estão dentro do normal para o período. Vamos ter uma cheia modesta em todo Pantanal nessa estação de chuvas, mas a cheia vai acontecer”, prevê Ibraim Fantin. “Na estação de seca, o Rio Paraguai deve ficar dentro do padrão normal, mas abaixo da média histórica. A expectativa é de uma situação melhor do que a de 2020. Uma situação de alerta, mas não crítica como a do ano passado”, explica o Biólogo.

Incêndio no Pantanal em agosto de 2020. Crédito: Karen Domingo.

 

Medidas preventivas

Quanto à situação climática, só é possível torcer para que as previsões do Inpe se concretizem. Ainda que o regime pluviométrico se mantenha nos níveis históricos durante o ano, a situação na estação de seca será de alerta.

O Biólogo Luiz Antonio Solino, professor da Universidade de Várzea Grande (Univag), de Mato Grosso, conselheiro da ONG Fundação Ecotrópica e representante do CRBio-01 no Fórum Mato-Grossense de Mudanças Climáticas, reafirma a importância de o poder público colocar em prática iniciativas de prevenção amplamente discutidas durante a crise, mas aparentemente deixadas de lado.

Brigadas de Incêndio

A primeira recomendação dos especialistas é a criação de brigadas de incêndio locais do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Solino defende que, na época da seca, as brigadas fiquem sediadas em municípios e pousadas – em geral, o fluxo de turistas acontece apenas na cheia – próximos aos focos de incêndio.

A capilarização das brigadas permitiria o rápido deslocamento das equipes para o combate aos incêndios. Solino explica que a logística de deslocamento no Pantanal é complexa e que uma equipe do PrevFogo pode demorar até dois dias para chegar, por exemplo, de Corumbá (MS) até um foco de incêndio.

Os brigadistas do PrevFogo, em geral, são civis contratados temporariamente pelo Ibama. Solino sugere que os contratados sejam moradores da região.

Fiscalização

Outra medida de prevenção fundamental é o aumento da fiscalização. Grande parte dos incêndios no ano passado foi criminosa. Os proprietários de terras no Pantanal podem realizar queimas controladas, desde que autorizados pelo poder público e com as devidas precauções para contenção do fogo. Em 2020, e em menor escala nos anos anteriores, houve muitas queimadas não autorizadas que fugiram do controle e tornaram-se incêndios de grandes proporções, o que se enquadra como cometimento de crime ambiental.

“Até agora, os inquéritos abertos pela Polícia Federal não chegaram aos responsáveis pelos incêndios no ano passado”, ressalta Solino. “O mais preocupante é o atual desaparelhamento dos órgãos de fiscalização, responsáveis pelas autuações aos infratores, como as secretarias de meio ambiente, que têm contingentes pequenos e concentrados nas capitais”, destaca o Biólogo.

Investimentos e infraestrutura

Para que a tragédia não se repita este ano, os governos federal, estaduais e municipais precisam investir em contratação de recursos humanos para as brigadas e órgãos de fiscalização, treinamento das equipes, criação de infraestrutura local e compra de materiais, como equipamentos de proteção individual, além do aluguel de helicópteros para deslocamento e aviões com capacidade para despejar água sobre as áreas em chamas.

Queimas controladas

Sobre as queimas controladas, Solino esclarece que a prática é legal e é tradicionalmente praticada pelos proprietários rurais para a limpeza do pasto. Realizar queimas controladas em pequena escala no início da estação de seca pode ser, inclusive, uma boa estratégia para diminuir a quantidade de capim potencialmente combustível no período mais agudo da seca.

No entanto, Solino adverte que as queimas controladas só podem ser realizadas com autorização do poder público e sob condições estritas de segurança, supervisionadas e operacionalizadas por brigadistas do PrevFogo. A área da queimada deve ser cercada por um buraco que impeça a progressão do fogo para outras localidades. No caso de mudança do vento ou de outra circunstância de risco, os brigadistas apagam o fogo. No entorno da área, não pode haver outras queimadas, de maneira que haja uma rota de escape para os animais.

Monitoramento

Solino enfatiza também a necessidade do estabelecimento de um sistema mais ágil de monitoramento dos focos de incêndio, que se somaria à atual vigilância por imagens de satélite. Ele propõe a construção de torres de observação, de onde fiscais possam visualizar rapidamente sinais de fumaça. As torres permitem boa visibilidade na planície do Pantanal.

O projeto de torres de observação foi discutido pelas autoridades locais e tem como principal entrave a necessidade de autorizações de proprietários rurais para as construções em terras privadas. Solino defende, então, que os governos instalem as torres em áreas públicas, como reservas, parques e ao longo de estradas.

Educação ambiental

Para além das medidas imediatas de prevenção, os Biólogos especialistas apontam que a preservação do Pantanal passa pela educação ambiental de proprietários rurais, populações locais e da sociedade como um todo.

José Milton Longo, responsável pela delegacia do CRBio-01 em Campo Grande, lamenta a ausência do trabalho efetivo de educação ambiental nas escolas e de programas dirigidos a pecuaristas e populações que habitam o Pantanal.

“Precisamos de muita educação, sobretudo educação ambiental, que hoje é pontual. Os produtores precisam entender que há alternativas para a limpeza dos pastos sem a utilização do fogo”, defende o Biólogo. “A conscientização, e urgente, é o único caminho para evitarmos o réquiem do Pantanal”.

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Reportagem do CRBio-01, que atende aos estados de SP, MT e MS. (Sistema CFBio/CRBios)

Após as novas determinações das autoridades sanitárias do Estado do Rio Grande do Sul, a Diretoria do CRBio-03 deliberou pela redução do já reduzido quadro de funcionários na sede e por isso, a sede do crbio-03 estará trabalhando apenas com atendimento por e-mail.

Estão suspensos os atendimentos presenciais e por telefone.

e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Telefone: (51) 3076.0006 (apenas emergências)

 

A Coordenadora do Departamento de Fiscalização, a Bióloga Magda Arioli (CRBio 001151/03-D), juntamente com dois funcionários do Departamento de Relações Institucionais do CRBio-03, estiveram presentes momentos antes do início oficial do protesto contra a transferência da Biblioteca Jornalista Roberto Eduardo Xavier na sede da Secretaria de Meio Ambiente de Porto Alegre. Especializada na área ambiental, ela possui inúmeros trabalhos de Biólogos e Biólogas em seu acervo, é ambiente de consulta de muitos estudantes e pesquisadores, além de servir de apoio bibliográfico para muitas decisões da própria Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade.

Representantes do Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB-10) também estiveram presentes contra a transferência da biblioteca.

Entidades e a comunidade alegam que a mudança proposta pelo atual governo de Porto Alegre/RS para o Parque Germânia trará prejuízos em termos de uso e conservação do acervo, do acesso a esse conhecimento e dificultará a consulta dos técnicos do órgão ambiental que utilizam as informações para questões técnicas embasadas em bibliografia especializada. Apesar de alegações da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade que a transferência será benéfica e trará economia aos cofres da cidade, membros da comunidade e entidades rebatem, sendo inclusive objeto de denúncia ao Ministério Público Estadual e no Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos RS.

Créditos das fotos: D.R.I./CRBio-03/11.02.2021

Para saber mais, visite abaixo:

 

 

É com profundo pesar que o Conselho Regional de Biologia da 3ª Região (CRBio-03) comunica o falecimento do Biólogo Ludwig Buckup.

Ludwig era formado em História Natural (bacharelado e licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutor em Zoologia pela Eberhard-Karls Universität Tübingen, na Alemanha em 1958.

Foi professor e pesquisador na UFRGS da década de 50 até meados dos anos 90, permanecendo como docente colaborador até 2010. Em sua carreira como Biólogo, passou por cargos na área da administração universitária, foi orientador ou coorientador de trabalhos na UFRGS e Universidade Federal do Paraná (UFPR), consultor do CNPq e CAPES e desenvolveu consultoria em diversas instituições nacionais e internacionais.

O Biólogo Ludwig recebeu diversos prêmios pela sua carreira profissional e produção cientifica. Em 2012 recebeu a Medalha Cidade de Porto Alegre pelos relevantes serviços prestados à comunidade, em especial pela sua atuação na área ambiental. Do Conselho Regional de Biologia da 3ª Região, ele recebeu o Prêmio Mérito em Biologia no ano 2000.

Ludwig também possui destaque entre os representantes de sua categoria. Foi Conselheiro Federal efetivo por duas gestões na década de oitenta no Conselho Federal de Biologia (CFBio), fazendo parte da primeira plenária composta exclusivamente por Biólogos no órgão máximo de sua profissão. Não é à toa que seu registro no CRBio como biólogo é a de número 000004/03-D, demonstrando seu pioneirismo na defesa, fiscalização e regulamentação da profissão.

Defensor da ciência e pesquisa nacional, em 2015 protagonizou embate contra o fechamento da Fundação Zoobotânica (FZB), ao dizer que o então governador só poderia ter “matado suas aulas de ecologia para aprovar a extinção da FZB”.

Nesse momento de perda, o CRBio-03 oferece os mais sinceros sentimentos aos familiares, amigos e colegas do Biólogo Ludwig Buckup.

Créditos da foto: GUSTAVO DIEHL/UFRGS/DIVULGAÇÃO/JC

 

Diante da veiculação de notícias sobre a vacinação de profissionais da saúde que não estão na linha de frente contra o coronavírus, o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biologia vêm à público para prestar orientações e também para reiterar seu apoio ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) contra a COVID-19, lançado pelo Ministério da Saúde.

Conforme prevê o Informe Técnico da Campanha Nacional de Vacinação contra a COVID-19, estão no grupo prioritário de vacinação trabalhadores da saúde que atuem diretamente na linha de frente de combate à pandemia ou que, com sua atividade profissional, sofram risco de exposição aos doentes ou a amostras contaminadas.

Assim, no caso de Biólogos, devem ser vacinados, nesta primeira fase, os profissionais que atuam efetivamente na área da saúde, em espaços e estabelecimentos de assistência e vigilância, como é o caso de hospitais, clínicas, ambulatórios e laboratórios. O Ministério da Saúde recomenda, inclusive, que seja solicitado documento que comprove a vinculação ativa do trabalhador com o serviço de saúde, no ato da vacinação, ou a apresentação de declaração emitida pelo serviço de saúde.

Os Conselhos de Biologia entendem que é correta e devida a priorização da vacinação de trabalhadores da saúde que atendam a esses critérios, tendo em vista a maior necessidade de preservação desses profissionais, que podem fazer falta no combate à doença caso se contaminem.

Em ofício enviado em janeiro ao Ministério da Saúde, a presidente do Conselho Federal de Biologia (CFBio), Maria Eduarda de Larrazábal, destacou a importância do reconhecimento de trabalhadores da saúde como grupo prioritário, tendo em vista a “desafiadora posição de ‘linha de frente’ que esses profissionais têm, heroicamente, ocupado no enfrentamento da pandemia”. A presidente informou ainda que os Conselhos de Biologia estão à disposição do Ministério e das secretarias de saúde estaduais e municipais para colaborar no processo de imunização, bem como no apoio à divulgação das informações e na mobilização junto a Biólogos do País.

Confira ainda a NOTA INFORMATIVA do CRBio-03: Nota Informativa - Vacinação do (a) Biólogo (a)