23 de novembro de 2019
Os guarás (Eudocimus ruber) retornaram a capital do Estado de SC após 200 anos. Em reportagem do Jornal Folha de São Paulo foi relatado que, de acordo com pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um dos prováveis motivos da volta dos guarás seria a recuperação dos mangues na ilha, onde essas aves podem se alimentar.
A sua cor vermelho escarlate associa-se aos flamingos. A coloração dos guarás vem do pigmento dos crustáceos (carotenoides), típico de ecossistemas como o manguezal, estuários e rios, dos quais ele se alimenta. A cor fica mais intensa e brilhante conforme envelhecem.
Aproximadamente mil guarás chegaram em Florianópolis no começo da semana, o que entusiasmou os ambientalistas da região.
As aves possivelmente vieram da baía da Babitonga, no norte de Santa Catarina, a 200 quilômetros da Capital. Mesmo assim, não se pode afirmar a origem os animais, pois existe registro da espécie em todo litoral brasileiro, mas também na Argentina, Colômbia, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Bolívia e Trinidad e Tobago.
Os guarás não fazem parte do grupo de aves não ameaçadas, portanto não integram a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN).
Contudo, a ave estava desaparecida da capital catarinense desde o século 18, segundo pesquisadores da UFSC. O francês botânico militar Amédée François Frézier, em 1712, foi um dos poucos a descrever a ave em Florianópolis. Em carta à corte francesa, o botânico militar observou a mudança desde os primeiros anos de vida até atingirem a fase adulta.
"Os guarás são encontrados, às vezes, na ilha de Santa Catarina. As primeiras plumas que o cobrem, logo que nascem, são negras. Esta cor dissipa-se insensivelmente tomando-se acinzentada. Quando começam a voar, todas as plumas tornam-se brancas, tomam finalmente a cor de rosa, tomando-se dia a dia mais vermelhas, até adquirirem uma cor escarlate viva e permanente", escreveu em relato compilado no livro "Ilha de Santa Catarina: relatos de viajantes estrangeiros nos séculos 18 e 19", editado em 1979 pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
De acordo com biólogo e delegado do CRBio-03 em Santa Catarina, Emerilson Gil Emerim, o ressurgimento da ave é um bio indicador de qualidade ambiental nas unidades de conservação. Ele ressalta a importância dos órgãos de preservação. “A Ilha vem sofrendo uma regeneração dos seu manguezais e ecossistemas costeiros, apesar das ameaças decorrentes da expansão urbana irregular”, declara o biólogo.